Não faça mais, nem menos. Faça o que realmente importa.

Textos Gerais

Sou planejador financeiro pessoal há 15 anos e hoje estou na fase mais gratificante e produtiva de minha vida.

Hoje eu não faço mais do que eu posso, tampouco menos do que devo.

Tenho me concentrado em fazer o que realmente importa, e isso tem me entregado uma revigorante dose de vitalidade, tanto em minha carreira quanto em minha vida pessoal.

Neste texto: (1) Escrevo sobre o que imagino ser um problema grave nos dias de hoje, o “sobre-trabalho”; (2) Discordo da solução apresentada, o “essencialismo” e; (3) Proponho uma 3ª via para você refletir e ampliar esta conversa: a via do “o que realmente importa”.

Primeira fase: a divergência

Fase do começo de carreira ou (re)começo de uma atividade. Para mim isso aconteceu em 2004, quando comecei a servir meus primeiros clientes como planejador financeiro pessoal.

Desde o início, a minha oferta manteve-se a mesma: servir clientes a partir de um valor fixo mensal, não relacionado aos seus investimentos, através de uma metodologia de trabalho e centrado no projeto de vida dos mesmos.

Olhava para o lado e não havia absolutamente ninguém fazendo isso.

Não escrevo isso com o intuito de me gabar, mas apenas para contextualizar o ambiente em que eu estava e o que me levou a tentar dezenas de coisas diferentes até chegar a um método que parecia transformador e eficiente.

Nesta fase eu tentei reuniões quinzenais, calls semanais, reuniões individuais, em grupo, palestras, petit-comitês... Tentei analisar os extratos bancários dos clientes e suas faturas de cartão.

Desenvolvi planilhas. Das mais complexas (uma delas tinha até uma programação em VBA (Visual Basic for Applications) que permitia a atualização dos ativos em bolsa) às mais simples com 3 colunas: nome do gasto/recebimento, valor do gasto/recebimento, meio de pagamento/recebimento.

Em 2007 cheguei a um modelo que é o núcleo do que usamos na LifeFP™ até hoje: a metodologia LifeETAPAS™, o orçamento em 3 níveis, os 3 tipos de pagamentos, os gastos frequentes e eventuais, o foco na destinação dos recursos.

Olhei para aquilo, achei que era bom, mas percebi que estava muito “dinheiro-orientado”. Foi quando me lancei novamente à divergência e fui testar várias coisas mais centradas na vida dos clientes.

Um pouco de coaching aqui, um ajuste de mentoring ali, um flerte com as finanças comportamentais logo mais, uma boa dose de Viktor Frankl, menos de mim e mais dos clientes e... joia! Cinco, seis anos depois eu estava confiante de que havia criado boas premissas para um verdadeiro planejamento financeiro pessoal.

Estava servindo mais clientes, a equipe da LifeFP™ estava crescendo e eu me via cada vez mais cansado e duvidoso do que estava realizando...

Mas a empresa cresce e a carreira se desenvolve. Não é hora de olhar para trás, tampouco para o lado. Siga adiante, é o que eu dizia a mim mesmo.

Conceito da divergência 

A fase da divergência é quando você faz um monte de coisa sem precisar se importar com a conexão entre elas. É a fase da experimentação pura, do dizer sim para (quase) tudo, do lançar-se (quase que) ingenuamente para todos os projetos e desafios que aparecem pela frente.

É uma boa fase, por uma fase!

O produto deste momento de vida e deste ritmo de carreira é o potencial cansaço que, quando não observado, pode ser o condutor principal para o burnout e para o ato de “jogar a toalha” em sua trajetória, algo muito comum em carreiras em serviços financeiros destinados às pessoas físicas.

Não se trata de uma fase inteiramente ruim. A experimentação faz parte do processo que culmina em encontrar o seu estilo pessoal, mas é preciso estar atento ao seu corpo, mente e sentimentos para não deixar-se levar ao extremo nesta fase.

No extremo residem as decepções (consigo mesmo e com outras pessoas), a angústia (com a eventual falta de resultados no presente), a ansiedade (com os cada vez mais distantes resultados no futuro) e o amargor, com a vida e carreira como um todo.

Caso você esteja nesta fase na qual você pensa em “jogar a toalha”, saiba que muitos passam por ela e que o caminho que a cultura atual tem apresentado para resolver o seu problema pode até parecer um bom caminho, mas lhe reserva ciladas bem mais problemáticas do que a fase em que se encontra.

Venha comigo para a fase seguinte, aquela que aparentemente lhe tira da divergência, que inicialmente lhe dá alívio, mas que lentamente lhe suga a alma.

Segunda fase: a convergência

Eu estimo (sem ciência alguma nisso...) que esta fase ocorre entre 8 e 12 anos de carreira.

Caso tenha perseverado até aqui, este é o momento no qual você está cansado de fazer tudo, mas encontra um fôlego renovado para se concentrar em poucas coisas.

É a fase em que lhe ensinam a dizer não para muitas coisas, para dizer um aliviado e sonoro sim a si mesmo.

É quando você olha para sua carreira e começa a pensar se aquele cliente vale a pena ou não. É quando, quando convidado para uma atividade nova ou um projeto novo, você pondera: mas será que vale a pena para mim? O que tenho a ganhar com isso?

É quando você começa a se ausentar de algumas reuniões, reflexões, agendas pois estas não lhe agradam mais tanto, não lhe fazem mais tão bem, não são produtivas e “merecedoras” de seu tempo.

Esta é a fase em que conceitos como o do “essencialismo” nos caem tão bem, são como anjos resgatando nossas almas perdidas em um ambiente de tanta coisa para fazer e pouco resultado alcançado.

É nesta fase que você começa a olhar mais para si mesmo, que percebe que o amor-próprio é uma força que lhe move, que você é capaz de governar suas decisões, fazer sua agenda e se envolver com o que lhe dá prazer e significado.

Esta é a fase em que muitas das frases acima dariam bons posts no Facebook e no Instagram...

Mas...

E se você está ou esteve nesta fase como eu, sabe que o que eu escrevo é muito sério... Sua alma continua infartada, seu ânimo, mesmo após um breve refrigério, encontra-se esfacelada, sua consciência grita em silêncio, seu caráter continua em obras...

Conceito da convergência

Convergir é fazer poucas coisas. É perceber que somos incapazes de fazer tudo e por isso temos a segurança para fazer alguma coisa.

É sobre dizer não para convites indesejados.

É sobre priorizar-se.

É sobre criar o “seu mundinho”, a sua realidade, o seu espaço, o seu conforto.

Repare que nada do que escrevo acima como conceito de convergência é, por si só, ruim. O problema reside nos efeitos que isso, mesmo que lentamente, gera em nossa vida.

Acabamos por nos reduzir a uma vida em-si-mes-ma-da, e isso rapidamente começa a entregar efeitos negativos em seu papel como co-criador de sua melhor versão.

Somos criados como seres relacionais. Somos assim “by design”, não “by default”, e convergir apenas para o que nos importa, nos alegra, nos alimenta e nos motiva, (até que) nos satisfaz.

Convergir é nos colocarmos como deuses de nós mesmos e o efeito disso, há milênios, se comprova desastroso para a humanidade.

Eu passei por esta fase como homem e como profissional e estimo que você também passará.

Talvez a sua trajetória pela convergência seja tão produtiva como a minha (nunca produzi tanto), mas espero que menos duradoura do que foi para mim (nunca me vi tão sozinho).

E isso deve-se à sua maturidade! E espero que este texto lhe ajude! Bem, você o leu até aqui, então vamos à minha proposta para evoluirmos para além da convergência.

Terceira fase: a confluência

Confluência, em hidrologia, é um termo geográfico tipicamente utilizado para definir a junção de dois ou mais cursos de água, glaciares ou correntes marinhas, bem como também o ponto onde isto ocorre.

Confluência, em nosso contexto de vida e carreira, pode ser entendido (minha proposta) como a combinação da divergência com a convergência.

Não é fazer tudo sem critério, mas tampouco é fazer tudo com apenas um critério: você no centro do que lhe é essencial.

A confluência é sobre fazer o que realmente importa tendo a consciência de que isso passa por você estender a mão e estar atento às necessidades das pessoas ao seu lado.

É menos sobre tudo e todos. Isso cabe à divergência. É menos sobre você. Isso cabe à convergência. É mais sobre você com os outros. Isso é confluência.

Algumas dicas práticas para praticar a confluência 

1) Reflita e ore sobre o seu papel na história. Você realmente acredita que está por aqui apenas para satisfazer os seus prazeres e atingir os seus objetivos (por mais nobres que sejam)?

2) Carimbe um tempo em sua agenda para envolver-se com algo que: 2.1) vai além de você; 2.2) cujo produto não seja exclusivamente para você (beneficiar-se da confluência, a meu ver, não representa mal algum) 2.3) lhe tira de sua zona de conforto. Não se envolver com um projeto que lhe desafie é a principal assinatura de seu momento de imaturidade na convergência.

3) Procure alguém que esteja sobrecarregado em uma atividade (há gente assim em sua empresa, em sua família, na escola dos seus filhos, em sua Igreja, basta observar com a sensibilidade da confluência) e estenda a sua mão. Faça isso sem esperar nada em troca, apenas como manifestação de sua caminhada rumo à maturidade.

4) Avalie constantemente o seu coração. Se a sua caminhada para a confluência for apenas para lhe deixar “bonito(a) na foto”, trata-se de uma fantasia usada pela sua fase de en-si-mes-ma-men-to.

Para refletirmos e praticarmos

Divergência é sobre fazer tudo e realizar pouco. 

Convergência é sobre fazer pouco e autorrealizar-se. 

Confluência é sobre o que realmente importa.

E o que realmente importa, a meu ver, é percebermos que somos incapazes de fazer tudo (por isso a divergência não se sustenta), mas que também não fomos criados para nós mesmos (por isso a convergência não nos amadurece).

O que realmente importa é o que fazemos com os outros. Com nosso cônjuge, com nossos filhos, com nossos colegas de trabalho, com nossa comunidade, com nossos clientes.

Fazer para é um subjugamento do próximo. Fazer por é um reducionismo do próximo. Fazer a partir é legalismo.

Fazer com é maturidade pessoal, refrigério para a alma e a mais bela demonstração de caráter.

Com carinho, André Novaes.


PS: Existem 3 tipos de conhecimento que todo planejador deve ter:

1) Conhecimento Teórico

2) Conhecimento Prático

3) Conhecimento acerca do mercado. O CEPI (Curso de Empreendedorismo e Empresariado para o Planejador Independete) é o mais completo currículo para lhe ajudar com isso. Veja este conteúdo.

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